sábado, 21 de junho de 2008

Chá das 5 - Algumas (in)conclusões sobre Sexo (in)seguro entre raparigas

A má notícia é que poucas tertuliantes beberam chá. Agora as boas:
As participantes aderiram à coisa e trouxeram material, pouco mas bom porque nós também éramos poucas mas boas.
(imagem gentilmente cedida por sueca)

Contrariamente ao que a Time Out anunciou, em lado NENHUM o sembikini disse ou escreveu isto "(...)Pedem as organizadoras às meninas interessadas que, antes de irem, façam umas visitas às sex shops da cidade, para comprarem material e recolherem conhecimento de causa para a conversa(...)". O sembikini sente-se, naturalmente, lisonjeado por ter-se considerado pertinente o regresso deste evento, mas lamenta que a redacção não estivesse em conformidade com aquilo que era proposto.
O que se sugeria era que trouxessem material que considerassem pertinente partilhar com as demais tertuliantes e que depois do chá visitássemos algumas sex shops naquela área afim de descobrir in loco que tipo de materiais para sexo seguro entre raparigas teriam. Há 3 anos atrás não se vendia. O proprietário da Condomi (infelizmente extinta) chegara a dizer que se fossem comercializados Femidom em Portugal o preço rondaria os €5 (não se enganou na previsão, o valor ronda isso mesmo) e ele não os comercializava porque sabia que não haveria ninguém que os comprasse por esse preço. Hoje, algumas sex shops disponibilizam dental dam e a Ilga chegou a ter alguns (não sei se ainda os terá) que distribuiu gratuitamente. Note-se que a Ilga fica em Lisboa e não chega às lésbicas que vivem noutros pontos do país. As sex shops que os vendem fazem-no, muitas vezes, via internet (para não terem dinheiro empatado na loja) e só os importam, depois de garantida a encomenda.

Material de cama, na mesa:

1. Lubrificante;
2. Manual de sexo lésbico (o exemplo de um livro com demasiados clichés e desenhos de lésbicas que nos fazem perder a vontade de ser lésbicas), o bom livro que eu queria recomendar não aparece na foto porque a menina que disse que mo devolvia antes do chá não tem palavra e não apareceu (se leres isto espero que desmaies de vergonha! ;-P), mas eu informo que o bom livro é o Kamasutra Lésbico, de Alicia Galotti, gentilmente oferecido por duas queridas amigas. É conveniente específicar a autoria do livro porque circulam por aí maus kamasutras lésbicos como aquele que Flávio Furtado escreveu há 2 ou 3 anos (na altura escrevi que me parecia mais dirigido a curiosos do que a lésbicas). Vale a pena ir à secção LGBT da Fnac comparar os livros e aproveitar os conselhos da Condessa sobre flirt que lá, segundo dizem, é um sítio bom para encontros imediatos de 1º e 2º (de)graus;
3. Preservativo feminino (interno) lubrificado;
4. Brochura da Ilga Portugal sobre sexo seguro entre raparigas;
5. Luvas (dentro do saco de plástico, obviamente, por causa dos micróbios);
6. Non c'est non, escrito por Irène Zeilinger (um ensaio sobre as mulheres e a violência).
As duas amigas francesas (uma delas "ilustre" activista LGBT) que apareceram obrigaram-nos a praticar o francês e o inglês, que acaba por ser mais divertido, sobretudo, quando há coisas que nem se consegue explicar bem na nossa própria língua. ;-)
Como éramos apenas 7 a amostra não é significativa, mas apenas uma das tertuliantes afirmou praticar sexo seguro com raparigas (mesmo com a namorada). Material usado nas brincadeiras: luvas (podem ser daquelas que se compram na farmácia e que vêm em grandes quantidades para quem gosta de brincar muito) ou de látex pretas (porque é mais chique), lubrificante, e preservativo ou película (daquela glad para embrulhar alimentos perecíveis) para sexo oral.
O sembikini está a estudar a hipótese de lançar roupa interior segura, para que a pessoa possa fazer sexo seguro sem precisar de se despir de complexos.

E os heterossexuais?
1. Um rapaz paga cerca de €5 por um dental dam, usa película glad, ou corta um preservativo ao meio para fazer sexo oral à rapariga? Pergunto-me, aliás, quantas terão a sorte de ter namorados que gostem de lhes fazer sexo oral.
2. Um rapaz usa uma luva para penetrar a namorada com os dedos?
O sembikini colocou mini-câmeras, daquelas muito discretas que se colocam nas lâmpadas, em algumas casas portuguesas e descobriu que:
1. os rapazes preferem usar quase sempre a pilita;
2. é por isso que cada vez mais raparigas se tornam lésbicas, é que às tantas aquilo enjoa um bocado;
3. os poucos que fazem sexo oral às namoradas fazem tudo au naturel;
4. os que penetram as namoradas com os dedos também o fazem au naturel;
5. relativamente a sexo anal, o assunto merece um tratamento mais cuidado num outro post.

No fórum da ex-aequo descobri muitas meninas mentirosas, 33,33% que afirmam praticar sempre sexo seguro. Não consigo confirmar a percentagem correcta/actual porque eles baniram-me temporariamente do forum por ter escrito "beach", palavra foneticamente muito parecida com "bitch" que era, na realidade, o que eu gostaria de ter escrito. Vá lá que a administração do fórum teve a cortesia de explicar o motivo:
"Estas tuas frases:
«(...)beach (foneticamente é o mais parecido que consigo arranjar sem que corra o risco de voltar a ser adulterado pela censura/moderação)
(...)P.S. - Se me oltarem a ubstituir alavras scritas or im uro ue assarei a screver ssim omo ugeriu Aria Elho da Osta e se e erguntarem orquê espondo omo la: «Ecidi escrever ortado; poupo assim o rabalho a quem me orta.»
demonstram desrespeito pelos outros, quebrando essas mesmas regras, com as consequentes sanções.":


Sanções à parte, o que é que eu penso das lésbicas praticantes de sexo seguro? Que são como a maioria dos católicos: Não praticantes. Sabem porquê? Porque não andam com estes materiais todos atrás e porque confiam que tendo uma relação estável (seja lá o que isso for na cabeça de cada um) estão imunes a infecções e a doenças venéreas.
O primeiro passo para termos acesso a materiais dignos de se usar (e não materiais confeccionados por nós: espera aí querida, vou só ali buscar uma tesoura para cortar este preservativo ao meio) é admitirmos que os materiais que temos não são viáveis nem tecnica nem monetariamente.
Há mesmo meninas que vão mais longe e justificam-se assim:
"Não pratico sexo seguro porque estou numa relação estável". Quanta candura... Então e se eu estiver numa relação estável com uma pessoa que já teve inúmeros parceiros sexuais e que nunca fez rastreios?
A essas meninas gostaria de lhes perguntar:
Entram automaticamente numa relação estável a partir do primeiro dia em que vão para a cama com a pessoa que dizem amar?
E quando ainda só namoravam com ela havia uma semana, faziam sexo seguro? Se sim, a partir de que momento é que deixaram de o fazer e a relação passou a ser estável?
Admitam que nenhuma lésbica neste país faz sexo seguro. Deixem mas é de ser falsas e vão apanhar bikinis!
Ainda há pessoas que acreditam em relações de risco e relações imunes, mas o que há são comportamentos de risco.
Ainda não há data marcada para novos chás, mas penso que os próximos irão decorrer na praia (para onde foram quase todas as que se baldaram ao chá). É mais refrescante, não temos de consumir nada se não quisermos (sugiro que consumam a caipirinha que um boy anda a vender na praia), e além disso podemos estar mais sem bikini (gostaram da piada?).

x-pressiongirl

P.S. - Esqueci-me de atribuir o Tea Award (parece que adivinhava porque tinha levado duas saquetas de chá) às duas meninas que chegaram atrasadas. Reformulo o convite para um chá, trazido do coração de Londres, na minha humilde maison.

2 comentários:

Ana Duarte disse...

Experiência fascinante essa que acabei de ter ao ler o Sembikini. Impressionante como a globalização e a novas tecnologias "estreitam" o mundo físico, mas nem sempre o "intelectual".
Como brasileira e filha de português que sou (mas infelizmente ainda não estive ai por essas bandas), tinha uma idéia errada do universo lésbico português. Como vocês estão anos luz à frente do Brasil!
Parabéns pelo blog, achei útil, lindo e bem escrito.
Se quiserem conhecer o meu, visitem www.blogduas.blogspot.com

x-pressiongirl disse...

Olá ad, não sei se estaremos a anos-luz do brasil ou se ainda estaremos bem longe de ver a luz ao fundo do túnel. Nada como vir cá passar uns dias e tirar as suas próprias conclusões. Obrigada pelas doces palavras acerca do sembikini. Com mais calma farei nova visita ao blogduas.
Saudações portuguesas,

x-pressiongirl