O artigo pode ser lido, na íntegra,
aqui.
No passado mês chegaram ao e-mail do sembikini dois pedidos muito similares que transcrevi
neste post.
No primeiro apelo a jornalista afirmava estar a preparar-se para uma reportagem para a
revista Sábado "com base em depoimentos sobre lésbicas femininas e requintadas ou mulheres que independentemente da sua orientação sexual já tiveram um envolvimento com alguém do mesmo sexo, preenchendo estes requisitos."
Ou seja,
tinham de ser femininas e requintadas, serem lésbicas ou heterossexuais não era relevante, o que interessava era terem tido experiências homossexuais.No segundo apelo, presumo que por parte da mesma jornalista, ela afirma estar a preparar um artigo "acerca da temática lésbica e bissexualidade" e procurar testemunhos de mulheres "lésbicas bonitas, femininas e requintadas (tipo as da série da Letra "L") ou mulheres que independentemente da sua orientação sexual já tenham tido experiências com alguém do mesmo sexo, preenchendo estes requisitos."
Novamente a tónica é colocada na feminilidade, beleza e requinte (tipo L word, segundo a própria jornalista). Nada a apontar, penso que toda a gente gosta de ver mulheres bonitas e requintadas.
Depreendi, ao avaliar os apelos, que o objectivo inicial era encontrar mulheres lésbicas e femininas dispostas a dar a cara e que na falta disso, a jornalista recorreria a mulheres de outra orientação sexual que já tivessem tido experiências homossexuais.

Enganei-me.
Não era um artigo sobre lesbianismo ou bissexualidade mas sim um artigo sobre "brincadeiras homossexuais". Obviamente a mistura dos dois tipos de mulhers daria azo a equívocos e, consequentemente, a mais vendas."A Moda das aventuras sexuais entre mulheres" - eis o tema de capa de uma revista que qualquer homem faminto de mulheres se esforçará por não perder. O artigo fala, sobretudo, de relações casuais entre mulheres com a finalidade de estimular os maridos e os namorados. Acaso falaram da percentagem de mulheres que não regressam mais para os seus namorados? :-) Obviamente que não que isso seria deitar por terra o sonho masculino. Lavo as minhas mãos desse pecado porque acho de
extremo mau gosto alguma mulher envolver-se com outra para excitar um homem e não para se excitarem uma à outra. Que raio de mulher se submete a tamanho "sacrifício" para agradar um homem?
Há, certamente, mulheres heterossexuais que têm aventuras com outras mulheres e não me incomodaria que fizessem uma reportagem sobre elas, mas não vendam isso como lésbico. Se a reportagem era sobre elas não tinham de procurar lésbicas para representar este papel.
Miguel Pinheiro, director da revista, apresenta sob o título "Aventuras" o artigo em causa dizendo ter sido muito difícil para a repórter conseguir convencer várias mulheres heterossexuais a partilhar as suas experiências. Acredito que sim, acredito que tenha sido tão difícil que Raquel Lito teve de ir à procura de lésbicas.
Ao longo do artigo percebe-se que há entre as entrevistadas heterossexuais uma tendência para se autorizarem a tais brincadeiras apenas sob o pretexto de se encontrarem menos sóbrias.
Ou não há coragem de admitir que o alcóol é um pretexto ou há vergonha de admitir que sobriamente é aquilo que desejam.
Sabem, claro, que poucos maridos as autorizariam a fazê-lo sozinhas, como um deles confessa "É excitante ver a minha mulher com outra, mas há limites. Se ela estiver disposta a fazer sexo, terei de estar presente".
Eis o que me incomoda: o ainda haver mulheres que só se autorizam a estar com outras mediante a aprovação de um homem. O não se inibirem de entupir os poucos espaços, físicos ou virtuais, dirigidos a lésbicas, sob o pretexto de agradar a um homem. Essas não são mulheres, não são heterossexuais nem tão pouco lésbicas. Apenas meros objectos. Feministizem-se!
x-pressiongirl
P.S. - Não sei como é que descobriram que 55,3% das audiências da série Letra L são masculinas. Penso que a generalidade de filmes com cenas entre mulheres estão concebidos, como diz a sexóloga Vânia Beliz, "para o imaginário erótico masculino". Não creio ser o caso de L word, mas acredito que seja o caso de Second Life e, seguramente, o deste artigo da revista Sábado: Perfeitamente concebido para o imaginário erótico masculino.
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