quarta-feira, 28 de maio de 2008

Inaugurado monumento em memória das vítimas LGBT perseguidas pelo regime Nazi

Vítimas "perseguidas" é um eufemismo, mas não sabia qual dos termos escolher: perseguidas, violentadas, torturadas, espancadas, humilhadas, mortas... Ai, tanta coisa. Assim "perseguidas" engloba um pouco de tudo, não é?
Foi ontem inaugurado, em Berlim, um memorial dedicado às vítimas LGBT perseguidas pelo regime Nazi, à semelhança do memorial dedicado aos judeus (creio que ambos os memoriais estão situados no mesmo local). Não sei dizer números porque acho que ninguém sabe ao certo. Sabe-se que foram aos montes, dezenas, centenas de milhar? Isso importa? Bastaria que tivesse sido uma pessoa, somente uma a ser morta, e já seria grave.


As estrelas eram reservadas aos judeus, o triângulo roxo aos jeovás (só aos jeovás?), o vermelho aos inimigos políticos, o triângulo rosa aos homens gays, o triângulo preto às prostitutas e às lésbicas (adivinha sou prostituta ou lésbica?). Feministas também usavam o triângulo preto, tal como alcoolatras, deficientes, grevistas, anarquistas... Já viram com quantos triâgulos pretos teria de andar uma pessoa que fosse simultaneamente acusada de vários destes crimes? É preto demais não é? Estava a brincar. Um só triângulo bastava, independentemente do número de "crimes" dos quais a pessoa fosse acusada.

O resto dos símbolos não sei descodificar mas acho que haveria muitos mais memoriais a inaugurar por lá. O actual presidente da câmara de Berlim é assumidamente gay. Será que isto tem relevância?
A não esquecer que actualmente ainda se morre, por este mundo fora, por estes mesmos motivos, seja institucionalmente, pela mão de governos severos, seja pela mão de pessoas que agem individualmente ou em grupo e que matam por ódio (chamemos-lhe homofobia se assim o desejarem).
Sobre os gays na alemanha Nazi ocorre-me sugerir dois filmes. Ambos passaram já no Festival de cinema LGBT de Lisboa (agora Queer Festival - só mesmo para relembrar que até 30 de Maio ainda podem enviar filmes para a organização do festival).
O premiadíssimo documentário Paragraph 175 (admito, este ainda está na lista dos filmes a ver antes de morrer).


E um outro, também com vários prémios, Aimée e Jaguar, baseado na história verídica de duas mulheres (Lilly e Félice) que viveram juntas neste conturbado período.



O filme é muito mas mesmo muito bom e o documentário também é imperdível.


Esta foto retrata as duas, ainda novinhas. Eu sei que não dá bem para ver muita coisa pois a imagem não tem grande qualidade, mas há que reparar que naquela altura os bikinis não eram como os nossos. :-)
Lilly consentiu participar no documentário sobre ela mesma (Love Story: Berlin 1942) em 1997 e relatou na primeira pessoa como viveram elas. É comovente e muito bonito. O filho dela dá o testemunho da sua visão sobre a relação das duas naquela época. Mais informação aqui.


Condessa X

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