sexta-feira, 16 de maio de 2008

As entranhas do feminismo

Vai contra as normas deste blog publicar imagens chocantes mas, desta vez, não podemos deixar em branco.



Este senhor acha que a violência doméstica não deveria ter o estatuto de crime público, segundo ele, porque "Este modelo inviabiliza a desistência do processo ainda que a vítima assim o pretenda". A preocupação primeira é, portanto, ajudar a vítima a desistir da queixa. Serão assim tantas as vítimas a desistir de uma queixa anteriormente formalizada? E se desistem, fazem-no por livre vontade ou por coacção? É que a coacção é, também, uma forma de violência só que mais subtil.
Este senhor vai mais longe e considera que "há um certo fundamentalismo na violência doméstica como crime público" e que existe um "feminismo entranhado" nas leis.
Realmente estas mulheres andam loucas, qualquer dia lembram-se de querer mandar nelas próprias e vão andar por aí a fazer queixas à toa, assim só para entupir os tribunais e dar trabalho a estes senhores. Até têm leis que as protegem, vejam só!
A notícia encontra-se aqui.
UMAR e APAV foram das primeiras associações a dar resposta à altura, mas também há optimas respostas aqui e aqui.
Partilho este vídeo de uma campanha lançada pela Fédération Nationale Solidarité Femmes em 2006.



As crianças, quase sempre, também vítimas, podem seguir dois caminhos: ou se aliam à figura oprimida, ou interiorizam a atitude do opressor. Se optarem pelo silêncio, não estarão a tomar uma posição neutra, pois que o silêncio é uma forma cobarde de se compactuar com a injustiça. É contra este silêncio que tod@s devemos lutar. Ao não se denunciar um crime que presenciamos ou do qual temos conhecimento estaremos a ser cúmplices.
A proposta do senhor Marinho vem no sentido de silenciar o crime conjugal e além de infantil é grave vinda da pessoa que vem.
Segundo os dados apresentados pelo Observatório das Mulheres Assassinadas, da UMAR, só neste ano de 2008 já morreram 17 mulheres vítimas de violência doméstica e já houve, pelo menos, 11 tentativas de homicídio!
Já dizia o amigo Pessoa que o feminismo é como a coca-cola, "Primeiro estranha-se, depois entranha-se".

Condessa X

P.S. - 707200077 é o número que deverão anotar caso sejam vítimas, suspeitem ou presenciem alguma situação de violência de qualquer tipo. A APAV disponibiliza no seu site endereços e contactos de Gabinetes de Apoio à Vítima espalhados um pouco por todo o país. Para consultá-lo é aqui.

4 comentários:

Paula Baltazar Martins disse...

De facto, é verdadeiramente chocante que o Bastonário da Ordem dos Advogados profira tais afirmações num país como o nosso, em que os números de mulheres vítimas de violência doméstica são assustadores!
Em vez de defender penas mais rígidas para os agressores, quer anular um passo tão importante na luta contra a violência doméstica, o ser considerada um crime público.

x-pressiongirl disse...

É realmente chocante. Este senhor devia pedir desculpas publicamente e fazer como o outro: prometer que nunca mais abre a boca para usar a palavra "entranhado", pelo menos dentro de aviões fretados com o erário público.

Anónimo disse...

Está realmente impressionante, o video! E este senhor não pode estar bem da cabeça.... :/

x-pressiongirl disse...

Como é que ele pode estar bom da cabeça com uns palitos daqueles em cima dele? lol