quinta-feira, 10 de julho de 2008

Vozes daqueles que não chegarão ao céu

"Não, como nunca fez. As mulheres são diferentes dos homens, e é essa diversidade que os torna iguais (porque são ambos competetentes e capazes) no alcance de objectivos que, sendo os mesmos, são alcançados de forma distinta".
Celeste Cardona, antiga deputada do CDS-PP, ex-ministra da (in)Justiça e actual administradora da CGD, em resposta à questão colocada pelo JN, dias antes da realização do Congresso Feminista 2008. Não lhe faz sentido falar-se de feminismo nos dias de hoje nem nunca fez porque ela não é uma mulher como as outras nem nunca o foi. Pergunto-me como se pode ser justo sem se ser solidário com quem sofre as injustiças na pele. Pergunto-me como se pode ser ministro da Justiça quando se é indiferente a injustiças.
O opinion maker Miguel Sousa Tavares, que escreveu às "Suas Senhoras" partilha da mesma opinião de Cardona.
Também ele se move num mundo especial em que as mulheres só são (re)oprimidas porque querem e, segundo as suas letras no Expresso, porque não sabem escolher as companhias certas. Mas ele tem uma vantagem sobre Cardona: ele não precisou de escolher "companhias certas". É homem e isso basta-lhe. Cardona é mulher de, e isso também lhe parece bastar.
As cuscas das gajas têm feito jus ao nome e têm andado a cuscar tudo (até a falta de bikinis sobre o congresso aqui no sembikini - também temos de fazer jus ao nome) e encontraram pelo menos duas senhoras que lhe responderam à altura, Alice Brito e Sofia Neves.
Enquanto acabo de arrumar os bikinis sobre o Congresso, gostaria de partilhar a reflexão já aqui bikinada:

"Dizem que não são feministas? Então por que não vão para casa pedir as ordens do homem e recolher à sua insignificância? Sempre detestei mulheres que não gostam de outras mulheres, que não se sentem solidárias com as outras."

Elina Guimarães (1904-1987) activista feminista portuguesa


Condessa X

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