AVISO:
@s mais sensíveis deverão abandonar este post antes de começarem a lê-lo. Ele contém piadas, críticas, spoilers e reflexões pretensamente sérias.
Tem a certeza que quer ler isto? Olhe que o jogo que a x-pression inventou é bem mais divertido, recue duas casas, se preferir.
Não prefere? Está bem, pode ler.
A rede ex-aequo tem estado a anunciar a 4ª edição dos Prémios Media (escrevo propositadamente sem acento porque "média" para mim refere-se a estatística e além disso eu gosto de fingir que sei Latim).
A 4ª edição será no dia 7 de Novembro às 15h no jardim de Inverno do Teatro S. Luiz.
Nessa mesma noite quem quiser conviver com os novos membros e os poucos sobreviventes do fórum da rede ex-aequo (a x-pression ainda não confirmou presença, consta que irá enviar uma representante) poderá encontrá-los, a fingir que não querem nada, a brincar com gelo na discoteca Maria Lisboa.
Dizem que é só para "quebrar o gelo" inicial que aquilo é tudo gente tímida e muito séria que detesta engates e essas coisas assim. Uma espécie de ritual de iniciação no grupo do pessoal "mais modernaço" da rea (e eu a pensar que eram todos conservadores).
Para quem não sabe, a ideia do jogo do gelo não nasceu na rede ex-aequo mas é um jogo muito popular, sobretudo entre aqueles que ainda não descobriram que a brincadeira é muito mais saborosa com morangos (com açúcar, preferencialmente).
Voltemos à vaca fria.
Atribuir prémios a personalidades que de alguma forma tenham contribuído para a "educação e mudança das mentalidades" (lê-se na rede ex-aequo) e tenha feito trabalho contra a homo/transfobia.
A primeira associação a lançar este tipo de prémios foi a ILGA (a edição deste ano dos prémios arco-íris ocorreu no dia 9 deste mês). Se por um lado me parece uma iniciativa boa para divulgar as associações, por outro me parece exageradamente descabido dar-se prémios a troco, não de envolvimento directo na causa LGBT mas, de publicitação da causa.
Quem melhor do que os próprios militantes ou as associações? As figuras públicas, só porque a voz delas se faz ouvir e ecoa nos meios de comunicação social?
Apesar de passar meses sem ver televisão (e passo-os lindamente, obrigada) sei identificar Solange F.
Admiro a atitude que tomou ao assumir-se publicamnte e até me parece uma pessoa simpática, mas admito que me cansa esta exaltação que as próprias associações fomentam. Esta febre de heróis e heroínas que se batem pela causa incomoda-me e possivelmente incomodará, ainda mais, pessoas como Solange F que, de um momento para o outro estão sempre a ter de dar uma opinião e a falar constantemente da sua própria vida. Suponho que se torne deveras desgastante.
As associações dizem-nos que devemos encarar com naturalidade a homossexualidade mas eu penso que todo este mediatismo e estes prémios desnaturalizam a forma como gostariamos que a homossexualidade fosse encarada. Se fosse encarada com naturalidade, Solange F ganharia um prémio simplesmente por se ter assumido? Onde está a naturalidade disto? E quantas outras figuras (públicas ou não) não se terão batido pela causa de forma menos mediática mas mais permanente?
Quem é que os nomeou? Os sócios das associações? A direcção das associações? Alguém me responda porque não sei mesmo.
Agora as piadas:
1 - As edições deste ano dos Prémios Arco-Ìris (da Ilga-Portugal) e dos Prémios (co)Media 2008 (da rede ex-aequo) distinguem precisamente as mesmas personalidades, com a diferença que a rede ex-aequo distingue mais duas outras figuras públicas.
2 - Muitos dos laureados não comparecem à cerimónia de entrega dos prémios, limitando-se a enviar representantes. Aposto que se fosse para ganhar um urso ou uma palma de ouro estavam lá caidinhos.
3 - A rede ex-aequo incentiva as pessoas impossibilitadas de comparecer à cerimónia ou que, podendo assistir, quererão manter-se no anonimato a deixarem as questões que gostariam de ver respondidas pelos premiados. Poderão fazê-lo aqui.
4 - No ano passado, entre as personalidades distinguidas pela Ilga estava o nome de Pinto Balsemão. Citando a Ilga, este senhor foi distinguido porque:
"Um jornalista da SIC quis casar-se e pediu uma licença de casamento. Esta licença foi concedida por Francisco Pinto Balsemão. O facto parece banal e não merecedor de qualquer nota. E será assim em breve, queremos acreditar.
No entanto, sendo este jornalista gay, a decisão torna-se histórica. Francisco Pinto Balsemão optou assim por tomar uma decisão que terá entendido como a mais correcta e a mais justa, mas que se adiantou afinal à própria lei."
Ou seja, este senhor foi distinguido porque se antecipou a tomar uma decisão justa, ainda que a lei sobre Igualdade de Acesso ao Casamento Cívil esteja congelada (ironia do destino, com o aval do próprio partido que o senhor fundou, o PSD). Gostava de saber quem é o jornalista e se ele não trabalharia, eventualmente, a recibos verdes.
And the winner is:
Os Precários Inflexíveis lançaram os Prémios Precariedade 2008 e vão premiar alguns dos (ir)responsáveis pela precariedade em Portugal. Adivinhem quem é que está entre os nomeados: Pinto Balsemão! Vale a pena irem lá distribuir uns votos por aqueles senhores que mais merecem.
Esta votação é aberta ao público (independentemente de terem ou não quotas em dia porque os Precários Inflexíveis não cobram nada). Para votar é aqui.
Condessa X
@s mais sensíveis deverão abandonar este post antes de começarem a lê-lo. Ele contém piadas, críticas, spoilers e reflexões pretensamente sérias.
Tem a certeza que quer ler isto? Olhe que o jogo que a x-pression inventou é bem mais divertido, recue duas casas, se preferir.
Não prefere? Está bem, pode ler.
A rede ex-aequo tem estado a anunciar a 4ª edição dos Prémios Media (escrevo propositadamente sem acento porque "média" para mim refere-se a estatística e além disso eu gosto de fingir que sei Latim).
A 4ª edição será no dia 7 de Novembro às 15h no jardim de Inverno do Teatro S. Luiz.
Nessa mesma noite quem quiser conviver com os novos membros e os poucos sobreviventes do fórum da rede ex-aequo (a x-pression ainda não confirmou presença, consta que irá enviar uma representante) poderá encontrá-los, a fingir que não querem nada, a brincar com gelo na discoteca Maria Lisboa.
Dizem que é só para "quebrar o gelo" inicial que aquilo é tudo gente tímida e muito séria que detesta engates e essas coisas assim. Uma espécie de ritual de iniciação no grupo do pessoal "mais modernaço" da rea (e eu a pensar que eram todos conservadores).
Para quem não sabe, a ideia do jogo do gelo não nasceu na rede ex-aequo mas é um jogo muito popular, sobretudo entre aqueles que ainda não descobriram que a brincadeira é muito mais saborosa com morangos (com açúcar, preferencialmente).
Voltemos à vaca fria.
Atribuir prémios a personalidades que de alguma forma tenham contribuído para a "educação e mudança das mentalidades" (lê-se na rede ex-aequo) e tenha feito trabalho contra a homo/transfobia.
A primeira associação a lançar este tipo de prémios foi a ILGA (a edição deste ano dos prémios arco-íris ocorreu no dia 9 deste mês). Se por um lado me parece uma iniciativa boa para divulgar as associações, por outro me parece exageradamente descabido dar-se prémios a troco, não de envolvimento directo na causa LGBT mas, de publicitação da causa.
Quem melhor do que os próprios militantes ou as associações? As figuras públicas, só porque a voz delas se faz ouvir e ecoa nos meios de comunicação social?
Apesar de passar meses sem ver televisão (e passo-os lindamente, obrigada) sei identificar Solange F.
Admiro a atitude que tomou ao assumir-se publicamnte e até me parece uma pessoa simpática, mas admito que me cansa esta exaltação que as próprias associações fomentam. Esta febre de heróis e heroínas que se batem pela causa incomoda-me e possivelmente incomodará, ainda mais, pessoas como Solange F que, de um momento para o outro estão sempre a ter de dar uma opinião e a falar constantemente da sua própria vida. Suponho que se torne deveras desgastante.
As associações dizem-nos que devemos encarar com naturalidade a homossexualidade mas eu penso que todo este mediatismo e estes prémios desnaturalizam a forma como gostariamos que a homossexualidade fosse encarada. Se fosse encarada com naturalidade, Solange F ganharia um prémio simplesmente por se ter assumido? Onde está a naturalidade disto? E quantas outras figuras (públicas ou não) não se terão batido pela causa de forma menos mediática mas mais permanente?
Quem é que os nomeou? Os sócios das associações? A direcção das associações? Alguém me responda porque não sei mesmo.
Agora as piadas:
1 - As edições deste ano dos Prémios Arco-Ìris (da Ilga-Portugal) e dos Prémios (co)Media 2008 (da rede ex-aequo) distinguem precisamente as mesmas personalidades, com a diferença que a rede ex-aequo distingue mais duas outras figuras públicas.
2 - Muitos dos laureados não comparecem à cerimónia de entrega dos prémios, limitando-se a enviar representantes. Aposto que se fosse para ganhar um urso ou uma palma de ouro estavam lá caidinhos.
3 - A rede ex-aequo incentiva as pessoas impossibilitadas de comparecer à cerimónia ou que, podendo assistir, quererão manter-se no anonimato a deixarem as questões que gostariam de ver respondidas pelos premiados. Poderão fazê-lo aqui.
4 - No ano passado, entre as personalidades distinguidas pela Ilga estava o nome de Pinto Balsemão. Citando a Ilga, este senhor foi distinguido porque:
"Um jornalista da SIC quis casar-se e pediu uma licença de casamento. Esta licença foi concedida por Francisco Pinto Balsemão. O facto parece banal e não merecedor de qualquer nota. E será assim em breve, queremos acreditar.
No entanto, sendo este jornalista gay, a decisão torna-se histórica. Francisco Pinto Balsemão optou assim por tomar uma decisão que terá entendido como a mais correcta e a mais justa, mas que se adiantou afinal à própria lei."
Ou seja, este senhor foi distinguido porque se antecipou a tomar uma decisão justa, ainda que a lei sobre Igualdade de Acesso ao Casamento Cívil esteja congelada (ironia do destino, com o aval do próprio partido que o senhor fundou, o PSD). Gostava de saber quem é o jornalista e se ele não trabalharia, eventualmente, a recibos verdes.
And the winner is:
Os Precários Inflexíveis lançaram os Prémios Precariedade 2008 e vão premiar alguns dos (ir)responsáveis pela precariedade em Portugal. Adivinhem quem é que está entre os nomeados: Pinto Balsemão! Vale a pena irem lá distribuir uns votos por aqueles senhores que mais merecem.
Esta votação é aberta ao público (independentemente de terem ou não quotas em dia porque os Precários Inflexíveis não cobram nada). Para votar é aqui.
Condessa X
7 comentários:
É verdade, tenho andado a pensar enviar uma representante para ir buscar o meu prémio e adivinhe em quem pensei. :-) Apetece-lhe vestir a minha pele ou andar nos meus sapatos?
Deixa-me só esclarecer um ponto: O jornalista de qude falas chama-se Nuno Graça Dias e casou de facto no Canadá em Março de 2007. A licença concedida foi não mais do que justa, mas ainda assim de constitui uma medida de grande coragem por parte de Francisco Pinto Baslemão que, pessoalmente, se encarregou de esclarecer o departamento de recursos humanos da SIC da sua decisão. O Nuno Graça Dias não estava e nem está a recibos verdes e continua a ser uma das caras da SIC Noticias como sempre. Aliás, está agora com mais responsabilidade pois assumui cargos de edição e coordenação.
Vestir a sua pele, x-pression? Não sei se caberia nela e duvido que conseguisse fazer-me passar por si, tão sóbrio é o seu humor.
Mar da Lua, não me recordava do nome do jornalista apesar de me lembrar bem de ler sobre isso na comunicação social. Obrigada pelos esclarecimentos. Fico contente de sabê-lo trabalhador longe de recibos verdes. ;-)
A aceitação de que fala não surge do ar nem de escrevermos blogs causticos e provocadores para quem trabalha e se esforça para que certas lésbicas e/ou feministas não sejam espezinhadas e desprovidas de direitos na sociedade em que vivemos. Mais vale premiar as pessoas que abordam o tema positivamente do que continuar a premiar a homofobia, que é o que se tem feito até agora. Já agora, a comédia é muita, mas se a senhora acabasse enforcada porque gosta de lamber ratas, quem me ria era eu!
Anónimo, receio não compreender o alcance da sua crítica. A aceitação de que falo não surge de comentários desprovidos de qualquer bom senso. A provocação não está neste blog está sim nos olhos de quem o interpreta como provocador sem que tenha a sensatez de justificar o motivo. A minha "crítica", como diz, não é contra quem trabalha e se esforça porque esses eu sei quem são e reconheço-lhes méritos ainda que nem sempre concorde com tudo o que vem das associações. Ou acha que pelo simples facto de discordar de alguns aspectos estou a ir contra as pessoas que neles acreditam e neles empenham o seu tempo? Não acho que premiar quem aborda o tema positivamente sirva para grande coisa, na verdade, e se leu bem o conteúdo deste post perceberá o porquê. Já agora, acho de extremo mau gosto a sua última frase, ainda para mais, quando vinda de alguém que dá a entender que trabalha e se esforça para que as lésbicas e feministas não sejam espezinhadas. Deve ser por isso que se esconde no anonimato. Comprendo que envergonhasse qualquer associação para a qual prestasse trabalho.
Olha, eu que até gosto de estar a par destas coisas, sei que os prémios da rede ex aequo costumam ter os próprios distinguidos na cerimónia (mas isto é só mesmo para quem gosta de falar do que sabe, e que por isso procura saber primeiro e depois fala, e não o contrário, como é o caso das aristocracias deste blog).
Já agora, média é média. Quem usa media não usa media do latim, mas do inglês (pronto, pronto o do inglês vem também do latim). Mas acho bem que queiras ser especial e usar o latim... assim só para dar ares de manias.
De resto, este blog poderia até ser uma forma cáustica de contributo sério, mas é mais pró oca e desinformada (não se encontra nem um fundamento desenvolvido para as críticas e alternativas, essas, melhor nem procurar).
Quanto aos "conservadores", alguém mordeu-vos, foi... ou têm problemas em aceitar que os outros não queiram o mesmo ou sejam iguais a vocês? Afinal, afinal temos é a ditadura do vosso modelo (sim, sim porque todos temos de ser tarados e pensar em sexo 24h por dia e quem diz que não, é porque mente, porque são todos iguaizinhos a vocês... a diferença é que vocês são incapazes de mentir... ah que lindas santinhas). Ooops.
Graças aos deuses pirralhas blogueiras do vosso género não aquecem nem arrefecem (ao contrário de associações e profissionais que trabalham para melhorar a sociedade). Nem com gelo.
Ah e não é preciso trabalhar-se em associações para defendê-las. Ai essas lógicas retorcidas... Há gente que até, valha-nos (os deuses, mais uma vez), consegue mostrar alguma consideração e senso. Parece é que é tudo anónimo... mas como não te conheço, nem quero conhecer, não faz mal. Está óptimo o anonimato mútuo, senhora condessa.
As "aristocracias deste blog" sabem o que escrevem porque têm boas fontes. Não subestime as nossas espiãs!
Relativamente a linguística talvez seja melhor estudar um pouco mais o seu inglês.
Se acha este blogue pouco sério devo admitir que assim o é. A vida já é demasiado séria e a generalidade das lésbicas anda deprimida todos os dias, basta fazer um tour pela generalidade dos blogues para perceber de quantas vítimas lhe falo. O que não posso consentir que diga é que a informação aqui colocada seja "oca e desinformada", pode ser a sua opinião, mas se for coerente verifica que se engana. Se as alternativas que lhe aponto não lhe agradam diga simplesmente que não lhe agradam, não diga é que não apresento alternativas.
Se se assume como conservadora e gosta de sê-lo, seja feliz. Não percebo o que quer dizer com "ditadura do vosso modelo". Não sei como é que sabe que eu penso em sexo 24h por dia. Na verdade costumo pensar apenas 12 e guardo as restantes para fazê-lo, mas não pense mais nisso, faça também que é capaz de lhe aliviar algum stress.
Se me diz que mente e que por isso não é santinha como eu, está ao seu alcance tornar-se uma pessoa melhor. Assumir o erro é meio caminho andado para melhorá-lo.
Se interpreta este post como uma crítica ao trabalho das associações, devo dizer-lhe que o interpreta da pior forma pois o que critico é precisamente a cegueira do seguidismo fanático, o achar-se que quem tem uma opinião diferente está a ir contra as associações. Que raio de militantes aqueles que nada questionam?
E repare que nunca disse que era necessário trabalhar directamente nas associações para defendê-las. Fica-lhe mal atribuir-me tais letras, revela insensatez.
Só não lhe digo que não é bem vinda a este espaço porque até acho salutar que nem toda a gente concorde sempre comigo quando sabem expôr as diferenças de forma crítica e honesta (esta parte é a que tem de trabalhar um pouco mais, está bem?). Aprendi também que cada pessoa tem o seu ritmo de crescimento e um dia talvez lamente a falta de cortesia e a desonestidade com que brindou esta sua última mensagem.
Ass: Pirralha blogueira do meu género
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