domingo, 9 de novembro de 2008

De quem é a rua?


Ontem foi um dia animado. @s professores (seriam entre 110 e 120 mil) vieram expor publicamente o seu descontentamento face aos inúmeros ataques de que têm sido alvo. Deixo-vos, a título de exemplo, um dos questionários aos quais o Ministério da (des)Educação os submete.



Esta afirmação rídicula (tal como todas as outras) é uma das que constam no questionário linkado.
E não são só os stôres que têm motivos para estar descontentes, são os alunos, os pais dos alunos, os futuros pais e toda a sociedade que verdadeiramente se preocupa com o descalabro que aqui anda em termos de política educativa.
E a rua foi deles!
E as ruas continuaram cheias de pessoas que, eventualmente, terão aproveitado para desfrutar do passeio pela capital. Ouvia-se falar de ensino em cada esquina. Às 2h os donos dos bares começaram a expulsar as pessoas mais teimosas:
"Vá lá, têm de ir embora para não termos problemas, está bem?"
Problemas. Com a polícia? Com a Câmara? Com os moradores? Vejam lá se acertam na resposta.
Este recolher obrigatório faz-me lembrar das histórias contadas pelos meus avós.


(Imagem sofregamente roubada do Invisible Red. A frase é da responsabilidade da Condessa. :-)

Qualquer dia não podemos estar mais de três pessoas a falar nos cafés e toda a gente sabe que para jogar à sueca são precisas quatro.

Outro pequeno desafio:
Os moradores sentem-se mais seguros com o encerramento dos bares às 2h? Os frequentadores sentem-se mais seguros? O metro irá funcionar até às 2h? A polícia será mais eficaz no combate à criminalidade? Quem lucra verdadeiramente com o encerramento do bairro às 2h (além do Frágil, que ontem tinha quilos de gente à espera de entrar)?
As pessoas que não moram no centro de Lisboa sabem que a noite lhes sai cara. Se os bares fecham às 2h que alternativa têm aqueles que dependem dos transportes que só amanhecem com a luz do sol? O sembikini contactou o gabinete do Sr. António Costa e eles responderam: "Ah, podem vir de carro, ou ir fazer tempo para uma discoteca ou então ficar em casa, claro". Ou seja: poluir a cidade que eles queriam com menos carros, gastar para encher os bolsos de quem mais lucra ou calar.
Havia uma concentração pacífica, convocada por sms e através de alguns blogs (Mea Culpa, aqui não se bikinou), às 2:30 no Largo Camões. Alguns comerciantes juntaram-se aos clientes e amigos do bairro. Entre apitos e jambés lá se gritaram umas palavras de ordem, fez-se rappel em estátuas (altamente desaconselhável porque as estátuas há meses que não vêem limpeza) e mostrou-se a identificação aos polícias mandatados pela CML. Não sei se mais gente se terá apercebido que, pelo menos, um polícia trazia meio escondida no casaco uma camera com a qual filmava os manifestantes à medida que circulava discretamente entre eles.
São estas as ruas que queremos? Para a semana há mais, caríssim@s!

Para assinar a petição contra o encerramento do Bairro Alto às 2h é aqui.

x-pressiongirl

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