sábado, 2 de agosto de 2008

Abrigo

Regarde de femme teve a gentileza de brindar o sembikini com uma reflexão sobre o filme Abrigo. Todo o texto que segue é da sua responsabilidade:

Caríssimas Condessa X e X-pressiongirl,

Agradeço o convite que me foi feito por vós, para escrever no “Sembikini”. É para mim, um verdadeiro privilégio!
Antes de começar quero também cumprimentar as visitantes informadas e de bom gosto do “Sembikini”. Bem-haja!
O “momento de reflexão” que escolhi desenvolver é sobre o filme “Abrigo”, que já foi sugerido aqui, pela Condessa. O objectivo não é contá-lo mas sim pensá-lo de acordo com a principal causa deste blog. A homossexualidade.

Antes de ver o filme as expectativas eram:
* Homossexualidade
* Imigração / Clandestinidade
Depois,
* Imigração / Clandestinidade
* Riqueza / Poder
* Pobreza
* Homossexualidade
Interessante, não é?
O filme vale a pena para quem gosta de causas sociais, para quem gosta de filmes algo parados. O ar que se respirava naquela sala era quase puro de tão vazia que estava. Enfim… como diria a nossa estimada Condessa, “ isto são conversas para outros «bikinis» ”.
Antes de mais, tenho de confessar uma coisa. Em primeiro lugar, fui ver o filme por causa da Maria de Medeiros (não ia perder a oportunidade de ouvi-la falar italiano! Que charme!) e em segundo por causa da Homossexualidade. Qual não foi o meu espanto, quando sai da sala de cinema a “discutir” problemas como Imigração / Clandestinidade; Poder; Globalização; Riqueza; Pobreza; Hipocrisia e… da Maria de Medeiros a falar italiano (a quem eu dou nota 20!).
A Homossexualidade ficou em segundo plano na discussão e isso, sinceramente, agradou-me. Passo a explicar. No filme, lembro-me de dois pontos altos alusivos directamente ao tema: 1) A dificuldade em dizer com todas as palavras: Sou Gay! (Continua a ser um problema real dos homossexuais!); 2) A Aceitação dos pais. Neste caso, a mãe. (O resto da família… “Hoje em dia é «moda» ter um gay na família”! Ainda não percebi se esta ideia é positiva ou não!). Todos os restantes momentos estão indirectamente ligados por consequência de outros. P. Ex: Traição, diferença de classes, i.e., namorar com a patroa que, por sinal é rica e dá direito a alguns privilégios.
A forma simples, prática e natural como Marco Puccioni, conseguiu mostrar que uma relação homossexual pode ser bela, cúmplice, sexual, sensual mas também insegura, ciumenta, possessiva foi muito bem trabalhada. Foi capaz de lhe dar um estatuto igual às relações heterossexuais, no que toca a emoções, a sentimentos, independentemente do género.
Se agora conversasse com a Condessa X aposto que me perguntaria com aquele ar sarcástico: ”Então diga-me, qual é a novidade que nos quer dar?”
Ao que eu responderia:
- Sabe Condessa, enquanto continuar a ler coisas como: “ Estava com o meu filho de 6 anos no metro e à nossa frente dois rapazes conversavam. De repente começam a beijar-se. Olhei para o meu filho e pensei: e agora como lhe vou explicar isto?”, significa que gostar de alguém do mesmo sexo ainda não é tão natural quanto queríamos que fosse, significa que ainda se continua a reivindicar direitos legislativos e sociais iguais, (como é possível ter deveres quando não se tem direitos?), significa que ainda se continua a luta contraditoriamente extenuante e incansável de mudar mentalidades.
Neste sentido, filmes que valorizem, de uma forma digna, temas bem mais graves que a homossexualidade será sempre uma mais-valia!
A Imigração/Clandestinidade é, sem dúvida, uma questão muito mais complexa que exige um estudo mais detalhado e acima de tudo uma acção forte “in loco”.
O filme representa bem a linha ténue que separa o ser descriminado daquele que descrimina. E que não é a orientação sexual que dita a degradação do mundo, mas sim, nesta longa-metragem, o poder financeiro, as classes, os conflitos de interesses.





A Homossexualidade não é um problema!




Estes são problemas e sublinho problemas que realmente interessam! Vale a pena ouvir o que esta Senhora diz!

Quando tenho o prazer de tê-las a tomar um copo de champanhe comigo?

Regarde de Femme

4 comentários:

santa-rita disse...

Sim, confesso que também queria ver o filme por causa da Maria de Medeiros... Hahaha já não me sinto a única.

Condessa X disse...

Também gostei muito do filme, ana, mas ainda bem que não foi só Maria de Medeiros que me levou a vê-lo. ;-)
Regarde de femme, as audiências do sembikini estão a subir, assim é que é! Champagne é sempre uma boa ideia! ;-)

santa-rita disse...

Oquei, não foi a única razão. Mas ainda não vi o raio do filme.

x-pressiongirl disse...

A regard de femme foi a única pessoa que respondeu à altura àquele desafio que lancei aqui no sembikini acerca do anúncio da Campari e isso merece outro brinde, desta vez pode ser champagne! Cheers, darling, cheers!
Relativamente ao filme, amei. Gostei bastante da evolução das personagens, de não serem nem totalmente boazinhas nem totalmente más, mas de evoluirem consoante as circunstancias. Gostei da forma como foram abordados os temas, todos eles concentrados num único: as relações de poder (seja ele o poder que se tem por se ter determinada nacionalidade; o poder que se compra com dinheiro; o poder que o dono da máquina tem sobre aquele que empresta a sua força de trabalho à máquina; o poder que se tem numa relação; o poder que se tem quando a nossa relação é melhor aceite do que outra...).
Ah, e a escolha dos vídeos foi genial. ;-)
A Condessa está toda contente com o aumento das visitas porque... acha que isso lhe dá poder. ;-)