Quem são afinal os premiados e por que motivo foram premiados?
Aurélio Gomes e Teresa Gonçalves
Foi com algum espanto que me apercebi que entre o grupo de pessoas com as quais interajo mais regularmente ainda não se sabia deste programa. De facto, escapou-me escrever um bikini sobre o mesmo talvez por também não ouvir rádio.
Estes dois locutores de rádio têm um espaço no Rádio Clube Português (RCP) cujo programa "Janela Aberta" se espalha por diferentes rubricas em cada dia da semana com três convidados (o trio). Há o trio.pt, o trio TV, o trio de lésbicas e o trio de gays. O programa passa às 15:30 às segundas (sendo que eles alternam, numa segunda os gays na outra as lésbicas). Compõem o trio de gays Paulo Corte-Real (Ilga), Paulo Vieira (Não te Prives), José Ribeiro (Ilga) e o trio de lésbicas Rita Paulos (ex-presidente da REA), Sara Martinho (Ilga) e Solange F (omnipresente).
Vale a pena clicar neste link para ouvir o Podcast.
Bernardo Mendonça, Solange F e Tiago Miranda
A propósito do coming out público de Solange F, Bernardo M e Tiago M fizeram uma reportagem com outras 5 mulheres (uma delas Sara Martinho) que também o assumem publicamente. Para estas 5 não houve prémios porque a Pelcor esgotou o stock de malas.
Elisabeth Barnard
Directora da revista Com' out (pela qual as 12 lésbicas da x-pression andaram a passear no 4º número e parece que depois disso nunca mais surgiram aqui no sembikini dando origem a uma grave descida no número de visitantes, bonito serviço minha menina!) que exprimindo-se num português de tons germânicos certamente ficaria agradecida com as aulas de português da x-pression.
Foram gentilmente distribuidos por entre a assistência dois números antigos da revista.
Apesar da diferença linguística Barnard fez-se entender na perfeição. Mencionou que, de facto, há papelarias e quiosques a boicotar a venda da revista. E isto não é só a ela que revolta é a todas as pessoas que sabem o que significa respeito pelo próximo.
No fim deixou a mensagem para continuarmos a comprá-la. Barnard conhece o público que tem. Sabe que entre os presentes poucos seriam os que nunca teriam tido qualquer contacto com a revista. São poderosos incentivos de marketing publicar excertos de relatos do fórum da rede ex-aequo. É ver os membros registados todos a gritar constantemente as mais hilariantes histórias relacionadas com a compra da revista só para ver quem sai publicado no número seguinte. Não censuro Barnard, ela trabalha para ganhar dinheiro e no lugar dela eu faria exactamente o mesmo: agradar o público ao qual me dirijo, fidelizar clientes e ainda fazer uma revista de qualidade é obra!
Toda aquela elegância germânica dentro daquela saia lindíssima deixaram-me louca de inveja, devo confessar.
Fernanda Câncio
Jornalista e cronista do DN. Segundo as fofoqueiras de serviço é namorada do 1º ministro (apesar de não gostar muito do senhor nem quando chove nem quando faz sol acho bem que ela namore com quem bem entender que isso para mim não tem nada de fracturante). Segundo os meus cálculos Fernanda Câncio vai bater um recorde do guiness por ser a jornalista mais premiada em Portugal (prémios de associações LGBT não lhe faltarão). A receber prémios, que seja como boa profissional, como boa cronista que me parece ser, apenas isso, não como porta-voz dos "coitadinhos" dos LGBT. E pareceu-me ler nas suas palavras algum incómodo quando disse que ao mesmo tempo que se sentia contente pelo reconhecimento da importância do seu trabalho se sentia "(...) triste por receber este prémio, porque enquanto este evento existir e enquanto se premiar pessoas por se assumirem, estes prémios serão um mau sinal".
Câncio manifestou alegria ao mencionar a recente postura do Vaticano relativamente à descriminalização da homossexualidade. Confesso que não percebi muito bem isto do Vaticano. Ou andámos a ler notícias diferentes ou Câncio ter-se-á enganado. Tenham a bondade de me corrigir se estiver enganada.
Referiu ainda a atribuição do prémio Arco Iris, da Ilga a Pinto Balsemão por este ter consentido que um dos jornalistas assumidamente gay gozasse de férias após o seu casamento celebrado no estrangeiro.
Eu acho que o nosso Berlusconi também merece um premiozinho Precariedade. Acham que não?
Fernanda Freitas
No programa que conduz na RTP2 "Sociedade Civil" lançou entre os convidados um debate sobre o acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Obviamente foi importante ver discutido este tema na altura em que estavamos. Mas foi ideia da jornalista lançar este debate naquele dia? Não sei. Talvez tenha sido por isso que a jornalista tenha dedicado o prémio a toda a equipa que com ela trabalha no programa.
Fernanda Freitas subscreveu as palavras de Fernanda Câncio, e afirmou não achar natural "Premiar algo que devia ser encarado como normal". Informou ainda que este era o 7º prémio que a sua equipa recebia pelo trabalho contra a discriminação.
Soube que a filha de Fernanda Freitas tem uma coisa em comum comigo: adora barbies!
A diferença é que na falta de um Ken elas casam umas com as outras. No meu caso elas têm mais tendência para andarem umas com as outras haja ou não Kens por perto.
Relativamente à postura do jornalista Mário Crespo durante o debate, Freitas, que fora "colocada entre a espada e a parede" perante a pergunta do público que a pedia para tomar posição, foi brilhante: "Liberdade é isto: É os homossexais poderem casar e Mário Crespo poder continuar a achar que não".
Teresa Botelheiro
Autora da reportagem "Dois pais, duas mães", emitida na RTP1. Confesso não conhecê-la como profissional, mas simpatizei com a forma simples, e por isso cativante, com que falou o pouco que falou.
Disse que o prémio que recebia dirigia-o aos "protagonistas desta reportagem" que apareceram assumidamente, com as suas identidades e rostos expostos. Lamentou, no entanto, que fossem quase sempre as mesmas pessoas a aceitarem dar a cara, afirmando que "É importante que não sejam sempre os mesmos a aparecer. Esta é uma das grandes dificuldades que nós temos enquanto jornalistas", a meu ver referindo-se claramente aos "mártires" ou "heróis" (dependendo da perspectiva, mas normalmente os heróis são os que ganham prémios e os mártires são os outros) que as próprias associações LGBT tendem a fabricar.
Um rapaz da assistência apresentou-se como sendo um dos "protagonistas" da reportagem e afirmou que as suas hesitações aquando da possibilidade de dar a cara na reportagem eram altruístas. Ele é assumido e lida bem com isso mas mostrou-se hesitante porque ao aparecer na televisão estaria a expor também os seus pais a pessoas do círculo deles como pais de um homossexual. Convenhamos que nem todos os pais estão preparados para a, muitas vezes, dura tarefa de assumir que têm um filho homossexual.
Botelheiro comparou ainda a situação portuguesa com a espanhola em que uma mulher solteira pode, sem qualquer entrave, recorrer à inseminação artificial. Mencionou, e bem, que em Portugal as mulheres solteiras (hetero ou homossexuais) estão impedidas de recorrer à inseminação. O que ela não disse é que a inseminação caseira é ilegal e é capaz de render uma boa estadia atrás das grades. Quem quer engravidar sem recorrer directamente a um homem terá sempre de mentir.
Creio que terá sido a jornalista Fernanda Câncio que terá dito qualquer coisa como:
"Não são só os media que mudam a mentalidade das pessoas, esse papel cabe, sobretudo, às escolas, aos próprios manuais escolares que repetem as imagens de famílias monoparentais com papéis claramente definidos (a maman na cozinha com o filho a brincar com carrinhos e a filha com bonecas e o papá a consertar as coisas da casa). Somos educados por uma escola e por uma sociedade antes de se chegar aos media"
Condessa X
P.S. - Não sabia o nome da rapariga que trabalhou os excertos que se viam no ecran e cujo trabalho me pareceu deveras profissional mas Caramela teve a gentileza de me informar que a rapariga se chama Vanessa. Eu acho que Vanessa também merecia, ao menos, uma malinha da Pelcor porque é óptima profissional!
Aurélio Gomes e Teresa Gonçalves
Foi com algum espanto que me apercebi que entre o grupo de pessoas com as quais interajo mais regularmente ainda não se sabia deste programa. De facto, escapou-me escrever um bikini sobre o mesmo talvez por também não ouvir rádio.
Estes dois locutores de rádio têm um espaço no Rádio Clube Português (RCP) cujo programa "Janela Aberta" se espalha por diferentes rubricas em cada dia da semana com três convidados (o trio). Há o trio.pt, o trio TV, o trio de lésbicas e o trio de gays. O programa passa às 15:30 às segundas (sendo que eles alternam, numa segunda os gays na outra as lésbicas). Compõem o trio de gays Paulo Corte-Real (Ilga), Paulo Vieira (Não te Prives), José Ribeiro (Ilga) e o trio de lésbicas Rita Paulos (ex-presidente da REA), Sara Martinho (Ilga) e Solange F (omnipresente).
Vale a pena clicar neste link para ouvir o Podcast.
Bernardo Mendonça, Solange F e Tiago Miranda
A propósito do coming out público de Solange F, Bernardo M e Tiago M fizeram uma reportagem com outras 5 mulheres (uma delas Sara Martinho) que também o assumem publicamente. Para estas 5 não houve prémios porque a Pelcor esgotou o stock de malas.
Elisabeth Barnard
Directora da revista Com' out (pela qual as 12 lésbicas da x-pression andaram a passear no 4º número e parece que depois disso nunca mais surgiram aqui no sembikini dando origem a uma grave descida no número de visitantes, bonito serviço minha menina!) que exprimindo-se num português de tons germânicos certamente ficaria agradecida com as aulas de português da x-pression.
Foram gentilmente distribuidos por entre a assistência dois números antigos da revista.
Apesar da diferença linguística Barnard fez-se entender na perfeição. Mencionou que, de facto, há papelarias e quiosques a boicotar a venda da revista. E isto não é só a ela que revolta é a todas as pessoas que sabem o que significa respeito pelo próximo.
No fim deixou a mensagem para continuarmos a comprá-la. Barnard conhece o público que tem. Sabe que entre os presentes poucos seriam os que nunca teriam tido qualquer contacto com a revista. São poderosos incentivos de marketing publicar excertos de relatos do fórum da rede ex-aequo. É ver os membros registados todos a gritar constantemente as mais hilariantes histórias relacionadas com a compra da revista só para ver quem sai publicado no número seguinte. Não censuro Barnard, ela trabalha para ganhar dinheiro e no lugar dela eu faria exactamente o mesmo: agradar o público ao qual me dirijo, fidelizar clientes e ainda fazer uma revista de qualidade é obra!
Toda aquela elegância germânica dentro daquela saia lindíssima deixaram-me louca de inveja, devo confessar.
Fernanda Câncio
Jornalista e cronista do DN. Segundo as fofoqueiras de serviço é namorada do 1º ministro (apesar de não gostar muito do senhor nem quando chove nem quando faz sol acho bem que ela namore com quem bem entender que isso para mim não tem nada de fracturante). Segundo os meus cálculos Fernanda Câncio vai bater um recorde do guiness por ser a jornalista mais premiada em Portugal (prémios de associações LGBT não lhe faltarão). A receber prémios, que seja como boa profissional, como boa cronista que me parece ser, apenas isso, não como porta-voz dos "coitadinhos" dos LGBT. E pareceu-me ler nas suas palavras algum incómodo quando disse que ao mesmo tempo que se sentia contente pelo reconhecimento da importância do seu trabalho se sentia "(...) triste por receber este prémio, porque enquanto este evento existir e enquanto se premiar pessoas por se assumirem, estes prémios serão um mau sinal".
Câncio manifestou alegria ao mencionar a recente postura do Vaticano relativamente à descriminalização da homossexualidade. Confesso que não percebi muito bem isto do Vaticano. Ou andámos a ler notícias diferentes ou Câncio ter-se-á enganado. Tenham a bondade de me corrigir se estiver enganada.
Referiu ainda a atribuição do prémio Arco Iris, da Ilga a Pinto Balsemão por este ter consentido que um dos jornalistas assumidamente gay gozasse de férias após o seu casamento celebrado no estrangeiro.
Eu acho que o nosso Berlusconi também merece um premiozinho Precariedade. Acham que não?
Fernanda Freitas
No programa que conduz na RTP2 "Sociedade Civil" lançou entre os convidados um debate sobre o acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Obviamente foi importante ver discutido este tema na altura em que estavamos. Mas foi ideia da jornalista lançar este debate naquele dia? Não sei. Talvez tenha sido por isso que a jornalista tenha dedicado o prémio a toda a equipa que com ela trabalha no programa.
Fernanda Freitas subscreveu as palavras de Fernanda Câncio, e afirmou não achar natural "Premiar algo que devia ser encarado como normal". Informou ainda que este era o 7º prémio que a sua equipa recebia pelo trabalho contra a discriminação.
Soube que a filha de Fernanda Freitas tem uma coisa em comum comigo: adora barbies!
A diferença é que na falta de um Ken elas casam umas com as outras. No meu caso elas têm mais tendência para andarem umas com as outras haja ou não Kens por perto.
Relativamente à postura do jornalista Mário Crespo durante o debate, Freitas, que fora "colocada entre a espada e a parede" perante a pergunta do público que a pedia para tomar posição, foi brilhante: "Liberdade é isto: É os homossexais poderem casar e Mário Crespo poder continuar a achar que não".
Teresa Botelheiro
Autora da reportagem "Dois pais, duas mães", emitida na RTP1. Confesso não conhecê-la como profissional, mas simpatizei com a forma simples, e por isso cativante, com que falou o pouco que falou.
Disse que o prémio que recebia dirigia-o aos "protagonistas desta reportagem" que apareceram assumidamente, com as suas identidades e rostos expostos. Lamentou, no entanto, que fossem quase sempre as mesmas pessoas a aceitarem dar a cara, afirmando que "É importante que não sejam sempre os mesmos a aparecer. Esta é uma das grandes dificuldades que nós temos enquanto jornalistas", a meu ver referindo-se claramente aos "mártires" ou "heróis" (dependendo da perspectiva, mas normalmente os heróis são os que ganham prémios e os mártires são os outros) que as próprias associações LGBT tendem a fabricar.
Um rapaz da assistência apresentou-se como sendo um dos "protagonistas" da reportagem e afirmou que as suas hesitações aquando da possibilidade de dar a cara na reportagem eram altruístas. Ele é assumido e lida bem com isso mas mostrou-se hesitante porque ao aparecer na televisão estaria a expor também os seus pais a pessoas do círculo deles como pais de um homossexual. Convenhamos que nem todos os pais estão preparados para a, muitas vezes, dura tarefa de assumir que têm um filho homossexual.
Botelheiro comparou ainda a situação portuguesa com a espanhola em que uma mulher solteira pode, sem qualquer entrave, recorrer à inseminação artificial. Mencionou, e bem, que em Portugal as mulheres solteiras (hetero ou homossexuais) estão impedidas de recorrer à inseminação. O que ela não disse é que a inseminação caseira é ilegal e é capaz de render uma boa estadia atrás das grades. Quem quer engravidar sem recorrer directamente a um homem terá sempre de mentir.
Creio que terá sido a jornalista Fernanda Câncio que terá dito qualquer coisa como:
"Não são só os media que mudam a mentalidade das pessoas, esse papel cabe, sobretudo, às escolas, aos próprios manuais escolares que repetem as imagens de famílias monoparentais com papéis claramente definidos (a maman na cozinha com o filho a brincar com carrinhos e a filha com bonecas e o papá a consertar as coisas da casa). Somos educados por uma escola e por uma sociedade antes de se chegar aos media"
Condessa X
P.S. - Não sabia o nome da rapariga que trabalhou os excertos que se viam no ecran e cujo trabalho me pareceu deveras profissional mas Caramela teve a gentileza de me informar que a rapariga se chama Vanessa. Eu acho que Vanessa também merecia, ao menos, uma malinha da Pelcor porque é óptima profissional!
4 comentários:
A Condessa ainda faz teatro? É que abriu uma vaga no presépio da escola. Estão a precisar de uma vaquinha.
Quanto às 12 lésbicas, descobri que elas agora estão de férias na Serra Nevada. Não se preocupe condessinha, que elas voltam em Janeiro para aumentar as visitas do sembikini.
Até você, Brutas?
Ass: Júlia Cesarina
Quanto à citação... Se não me engano, terá sido a Fernanda Freitas que mencionou os manuais escolares. E a menina que andou a trabalhar nos excertos chamava-se Vanessa e sim, merecia uma malinha da Pelcor!
Quanto ao resto... Nada mais a acrecentar.
Sim, também atribuo essa frase a F Freitas. Desconhecia o nome da rapariga. Ela fez um belíssimo trabalho, sem dúvida. Obrigada pela partilha, caramela. ;-)
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