sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Da Usurpação



Da usurpação

1. Assinaturas

Temos sentado no nosso parlamento um "partido" que começa a saga de usurpações pela usurpação de assinaturas na hora de se constituir formalmente.
Mas não foram só as assinaturas que ele usurpou.

2. Palavras

Foi, também, a palavra "Chega" que foi alvo de sequestro. Um partido que esconde numa palavra de uso corrente qualquer referência àquilo que esperamos saber de um partido político. Não que os partidos façam jus às palavras que chamaram para si, como: socialismo, democrata, popular, social-democracia. Mas era suposto elas serem uma referência.
Desta forma, de cada vez que usamos a palavra "chega" ou "basta" corremos o risco de ser conotados como apoiantes.

3. O Hino Nacional

O Chega (antes usurpador da palavra Basta, que deu nome à coligação de direita da qual fizeram parte PPM, PPV/CDC, movimento democracia 21 e o rascunho do que hoje conhecemos como Chega) usurpou também (sobretudo dos nossos relvados) o Hino Nacional (não cantado, mas grunhido da forma mais boçal e muitas vezes acompanhado de um gesto associado ao fascismo).
No último 25 de Abril ouviu-se e cantou-se, de forma alternada em toda a minha rua o Hino Nacional e Grândola Vila Morena. Na minha janela a bandeira nacional ao lado do cravo.

4. A nossa bandeira
Partido algum deveria poder usar a bandeira nacional durante as suas campanhas. Para isso existem as bandeiras dos partidos. A bandeira nacional é um objecto que deve ser usado como elemento gregário e não segregador.
Alguns amigos brasileiros têm medo de ser confundidos com bolsominions (a versão brasileira da saloiada chegana), por isso deixaram de usar camisolas com as cores da bandeira e isso é um grande erro.
Há uma imensidão de bolsonaristas a viver em Portugal (lembrem-se que 56% dos brasileiros que vieram para cá usufruir do nosso socialismo, segurança e tolerância votaram no coiso) que votam também nas eleições portuguesas (ambiguidades da dupla nacionalidade, né?) e que estão infiltrados no Chega, em grupos do Whatsapp, Telegram, páginas negacionistas, anti-vacina, terraplanismo e demais imbecilidades.
Quem acompanha a novela brasileira sabe perfeitamente o que vai acontecer a partir daqui e é essa a nossa vantagem.
Não deixaremos que o fascismo usurpe o nosso hino, as nossas palavras nem a nossa bandeira!
Domingo levarei comigo a minha bandeira e o meu baton!

#vermelhoembelem

usurpar: Usufruir de algo de forma indevida; tomar à força ou de forma fraudulenta


Condessa X
 

2 comentários:

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Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Em breve falarei da usurpação da palavra sáfica. Antenas ligadas!